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Relato - O que vi nos 20 anos trabalhando com Ead


Depois de 20 anos trabalhando no mesmo mercado, posso dizer que fiz carreira. Iniciei como pedagoga no chão da escola e da lá, aos poucos, trilhei para o caminho que mais me motivou, o das tecnologias educacionais. E foram diversas as atividades até chegar na produção efetiva do ead. Minhas bases, sem dúvida, foram construídas nas Instituições de Ensino Acadêmicas, em seguida as portas se abriram para empresas de tecnologia, comunicação e design.

As Instituições Acadêmicas produzem ead de forma muito diferente das empresas que produzem e vendem produtos ead. É nítida a diferença entre eles, enquanto uma se preocupa muito com a efetivação do ensino e pouco com o uso de recursos tecnológicos, a outra se preocupa mais com o custo tecnológico do que com o alcance efetivo da instrução.

Instituições Acadêmicas investem bem mais em profissionais qualificados do que em recursos tecnológicos, é comum ver aquele super profissional PHD utilizando seu próprio laptop e reclamando do sinal do wifi. Já as empresas que fabricam produtos para ead se orgulham em mostrar seus laboratórios modernos, escritórios decorados (realmente lindos), mas a verdade é que investem pouco em profissionais qualificados.

As acadêmicas dificilmente se atualizam, mantêm plataformas antigas, métodos de produção simples, desenham cursos pesados e pouco atrativos para o estudo a distância. Já as empresas de venda de produtos ead, não pecam pela falta de atratividade. Possuem equipes de produção com profissionais de design e programação ativos. No entanto não pensam 2x em trocar o especialista em educação virtual por um design gráfico técnico, e realmente esperam que as atividades de instrução alcancem padrões mínimos de qualidade.

Nesses meus 15 anos de profissão, agora falando somente sobre as empresas que vendem produtos para ead, passei por algumas delas concorrentes entre si, percebi que nenhuma produz da mesma maneira. Não existe uma receita de bolo para produção de cursos virtuais, Existem sim as técnicas e teorias do ensino e aprendizagem com o uso de tecnologias, que acabam por definir a qualidade do curso, mas a maneira como será feita essa produção fica a cargo de cada uma delas.

Em algumas empresas o trabalho do DI é meramente júnior, trata-se de um estudante, estagiário ou recém formado, que sem nenhum tipo de qualificação em DI, coloca ali numa tabela de word ou powerpoint suas experiências vagas, trabalha de forma repetida naquele mesmo desenho monótono e mecânico. Na maioria dos casos, eles realmente nem sabem como é ampla a área técnica de sua profissão. A equipe de produção geralmente é coordenada por um profissional de TI ou um diretor de arte.

Já em outras empresas, o DI ocupa posição sênior, já não trabalha com ferramentas de produção, e sua ocupação principal é a gestão de equipe de produção e elaboração do projeto de ensino. Recebem salários maiores e quando competentes mantêm as portas abertas, pois dificilmente será possível encontrar profissionais parecidos.

O que eu vi de mais semelhante entre elas, é que ambas vendem para os mesmos clientes e atendem as mesmas necessidades de produção. Isso falando do mercado de Brasília, que prioriza as licitações. Para mim já é comum cruzar com profissionais conhecidos pois há pouca oferta de vagas e profissionais nessa área, geralmente, ou já trabalhamos juntos, ou iremos trabalhar.

Tenho o privilégio de dizer que foram poucas as vagas as quais precisei me candidatar, como mantenho meus currículos e contatos atualizados, sempre alguma dessas empresas me telefona ofertando possibilidades de trabalho. Da área de produção já passei por todos os estágios, desde o atendimento ao cliente, ao desenvolvimento do projeto, DI, produção e entrega. Tenho conhecimento no uso de diversas ferramentas, tanto de desenho gráfico como de autoria de cursos. Escrevo com facilidade e leio rapidamente.

Minha nossa, são 20 anos, não 20 dias!

Dou total valor a esses empresários e empreendedores que arriscam muito na tentativa de alcançar objetivos, que nem sempre são só financeiros, mas possuem expectativas em ver seu negócio crescer, se modificar, seu nome ser reconhecido pelo bom trabalho que fazem. E eu sei disso, porque também já empreendi, já ganhei e já perdi.

Independente da forma de trabalho que adotam, ou de suas escolhas no momento de investir, cada uma dessas empresas sabe onde "o calo aperta" e até onde podem chegar. Muitas vezes aquém do que gostariam, porém continuam ali, firmes e fortes ofertando vagas de emprego num país que não pensa duas vezes em dificultar. E todos nós sabemos o quanto é preciso abdicar para se ter isso.

Das empresas em que trabalhei, ou daquelas em que visitei, só tenho gratidão! Aprendi em todas elas, inclusive naquelas em que passei poucas horas numa entrevista. Tudo o que sei hoje profissionalmente, todos os erros que posso evitar e acerto efetivos que posso garantir, são frutos da experiência que passei nesses locais. Jamais me esquecerei dessas pessoas que confiaram em mim e abriram suas portas para que eu entrasse. Por isso eu só tenho a agradecer!

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