Os aprendizes do século XXI vêm se tornando cada vez mais autônomos e autodidatas tanto na escolha quanto na organização de sua aprendizagem, gerando um enorme desafio para os que contribuem com o processo educacional na mediação entre a teoria da aprendizagem, a prática e o aprendiz, sendo necessários um maior aprofundamento da pesquisa e uso de recursos significativos que transformem o processo de instrução assertivo e coerente com a necessidade de aprendizagem final.
Um exemplo claro disso é que muitas vezes diante de uma dúvida prática do dia a dia, recorremos às mídias, sem entender muito bem os conceitos e focando na prática, com o uso de tutoriais, vídeos explicativos ou podcasts sobre o assunto, com foco em uma aprendizagem que tenha significado e ao mesmo tempo seja prática e rápida.
Esse processo foi denominado de Heutagogia, termo do grego heutos, que significa auto, e agogus que quer dizer guiar. O termo foi usado pela primeira vez por Stewart Hase e Chris Kenyon (2001, p. 3), que definem-o como sendo necessário para explicar que a rápida taxa de mudança na sociedade e a chamada explosão de informação sugerem uma abordagem educacional em que é o próprio aluno quem determina o que e como a aprendizagem deve ocorrer. Assim, segundo a relevância da observação explicam o termo como:
A heutagogia, o estudo da aprendizagem autodeterminada, pode ser vista como uma progressão natural das metodologias educacionais anteriores - em particular do desenvolvimento de capacidades - e pode muito bem fornecer a abordagem ideal para a aprendizagem no século XXI. (Hase;Kenion. 2001. p. 3)
Assim, podemos entender que a heutagogia é um processo quase que individual de aprendizagem, mas que ainda requer muito de nós, educadores, para que possamos entender as demandas, ressignificá-las e tratá-las de acordo com o perfil dos alunos. Neste caso, o educador passa de um papel protagonista a um guia de soluções de aprendizagem baseadas no perfil do aluno, deixando que o próprio aluno formule suas respostas.
Na educação online, a heutagogia acontece quase que o tempo todo, pois as ferramentas tecnológicas proporcionam a facilidade de pesquisa e reflexão ao aluno, no entanto, para que o processo de ensino-aprendizagem seja de fato vivido se faz necessário um desenho adequado da instrução que pode determinar a personalização segundo o perfil do aluno alinhando os saberes essenciais às necessidades de aprendizagem de cada indivíduo.
Do ponto de vista de educadores, precisamos estar atentos a conhecer esse novo aluno, entender seu processo de aprendizagem e o que ele anseia aprender para que então possamos oferecer tecnologias de aprendizagem adequadas alias a metodologias de ensino acrescentem conhecimento e prática no processo de ensino-aprendizagem.
É importante ressaltar que as metodologias passivas e focadas em teorias somente não atendem ao aluno que busca a heutagogia, assim, é importante ter em mente um ensino personalizado com um modelo novo, flexível, mais adequado, que evite desperdícios de recursos humanos e materiais e com inovações constantes que permitam manter o aprendiz curioso e com sede do conhecimento.
Recursos como tutoriais, infográficos, vídeos práticos ou podcasts descritivos se tornam cada vez mais efetivos e mais necessários na heutagogia. Material com referencial pesado e conteúdo teórico são pouco efetivos na heutagogia, no entanto, são necessários para promover reflexão, assim, todo conteúdo extenso precisa ser validado junto à prática como por exemplo: Se preciso entender um fator da mecânica, eu o explicarei por meio de um vídeo, que trará a teoria aliada à prática no conserto de uma bicicleta.
Por fim, precisamos entender que a heutagogia requer personalização assim, conhecer o perfil do aluno e seus anseios é essencial para conceber os cursos, oferecendo ferramentas de tecnologia instrucional que proporcionem inovação para o aprendiz ao mesmo tempo que aprende de forma prática o que precisa e que permitam o conhecimento e a autogestão da aprendizagem.
Na heutagogia, o aluno tem que se sentir direcionando seu próprio conteúdo, assim, ele pode ter opções de selecionar, por exemplo, como vai ter acesso ao conteúdo, como prefere entregar a prática ou em que ele vai poder aplicar seu conhecimento. A heutagogia é liberdade, mas requer responsabilidade e protagonismo do aluno, que em resposta ao conteúdo entregará conteúdo de valor e, por consequência, resultado.
Referências
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Coordenadora de operações educacionais. Graduada em gestão em recursos humanos e pedagogia. Especialista em design instrucional e psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem. Criadora e mantenedora de conteúdo rapid learning em um perfil na rede social instagram: @ativa.mente.educação e um canal no Youtube: ativa.mente educação.
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