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Mudanças na produção de conteúdo para Educação a Distância

O acesso facilitado às informações na Internet, o aumento do número de instituições de ensino que oferecem cursos a distância, as mudanças do perfil dos alunos, e diversos outros fatores, vêm modificando a forma como os conteúdos para educação a distância (EAD) são produzidos.


Neste artigo, apresento as principais mudanças que tenho observado na produção de conteúdo para EAD. Os aspectos aqui citados baseiam-se em minha experiência como professora-conteudista; portanto, têm como referência seis instituições de ensino e três empresas focadas em treinamentos corporativos para as quais trabalhei nos últimos dez anos. Confira!



Como era?

Há 10 anos mais ou menos, as maiores universidades do país começaram a implantar setores de Educação a Distância, com o objetivo de produzir, internamente, seus cursos de graduação e/ou pós-graduação.


Os conteúdos, baseados principalmente em textos, priorizavam a linguagem acadêmica e formal. A quantidade de páginas das apostilas seguia, por exemplo, a carga horária da disciplina: cada hora equivalia à 1 página de conteúdo; assim, uma disciplina de 50 horas contava com 50 páginas de conteúdo.


Os vídeos eram produzidos para meramente transpor os conteúdos do ensino presencial para o ensino a distância. Os professores se dirigiam aos estúdios para gravar aulas com no mínimo 30 minutos de duração e explanar sobre conceitos teóricos.


No âmbito corporativo, era comum vermos treinamentos focados em telas interativas, nas quais textos e imagens eram associados para transmitir conteúdos aos profissionais da área. As atividades, normalmente questões objetivas aplicadas ao final do treinamento, avaliavam principalmente se o aluno tinha “decorado” o conteúdo.


A metodologia seguia uma estratégia linear: o aluno primeiramente realizava a leitura da apostila ou assistia às videoaulas, em seguida respondia às questões objetivas. Se alcançasse determinada média, pronto, já estava aprovado e assim poderia prosseguir nos estudos.


Quais as principais mudanças?

O fácil acesso a câmeras de vídeo, proporcionado, principalmente, à disponibilidade de smartphones no mercado, fez aumentar, e muito, a quantidade de educadores que produzem conteúdo em vídeo. Basta um celular, um microfone e conhecimentos básicos de edição de vídeo, para que um conteúdo educativo seja disponibilizado a alunos no mundo todo.


Isso fez com que instituições de ensino, com suas tradicionais aulas gravadas, começassem a rever a maneira como produzem seus conteúdos em vídeo. Hoje, diversas universidades passaram a produzir vídeos mais curtos, com no máximo dez minutos de duração, nos quais o professor, em vez de abordar conteúdos teóricos, apresenta a aplicação prática de conceitos do dia a dia profissional.


Além das mudanças nos vídeos, percebo que algumas instituições de ensino estão, aos poucos, modificando a forma como conceitos e outros conteúdos são transmitidos aos alunos. Das apostilas recheadas de citações de autores da área, passamos a ver curadorias de conteúdos, nas quais os professores indicam leituras de livros, sites, vídeos, entre outras referências, incentivando os alunos a pesquisarem e refletirem sobre os temas abordados nas unidades de ensino.


Quanto à metodologia, percebo que as instituições, principalmente as grandes universidades, estão mudando suas estratégias de ensino e aprendizagem, inserindo alternativas para que o aluno realize pesquisas externas ao conteúdo elaborado pelo professor-autor e realmente reflita sobre o que leu ou assistiu. 


As avaliações finais estão exigindo, cada vez mais, a reflexão e a interpretação dos alunos acerca dos temas abordados durante as unidades de ensino. Ou seja, das antigas questões focadas na famosa “decoreba”, que eram resolvidas apenas consultando o material didático, passamos a ver exercícios que exigem a absorção de conhecimento para a resolução de problemas.


Quais as tendências para a produção de conteúdo EAD?

Nos próximos anos, acredito que os vídeos serão cada vez mais utilizados como recursos pedagógicos e os professores cada vez mais cobrados para que produzam suas próprias videoaulas: desde a elaboração do roteiro à interpretação em frente à câmera.


Para produzir os vídeos, os professores precisarão se apropriar da linguagem desse meio. Ou seja, não basta se portar em frente à câmera, será necessário utilizar uma linguagem mais informal – com gírias e expressões comumente utilizadas na linguagem oral –, com boas pitadas de humor e recursos de edição apropriados à dinâmica do meio virtual.




Pâmella de Carvalho Stadler


Designer educacional e Produtora de Conteúdo para EAD


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